Este grupo de habilidades cognitivas estão principalmente indexadas às estruturas pré-frontais do cérebro. O córtex pré-frontal dorsolateral, o córtex pré-frontal ventromedial, o córtex pré-frontal orbitofrontal e o córtex anterior cingulado são as áreas cerebrais mais vinculadas às Funções Executivas. Com os avanços científicos dos últimos anos, você pode obter uma estimativa da integridade funcional dessas estruturas avaliando as funções executivas. As funções executivas podem ser treinadas e melhoradas com a prática e o treinamento cognitivo.
Embora haja algum debate sobre o que são as Funções Executivas, existe um consenso geral sobre quais habilidades compõem as nossas Funções Executivas. As principais habilidades são as seguintes:
- Alteração: habilidade para adaptar suas opiniões e condutas a situações novas, variáveis e inesperadas.
- Inibição: habilidade para controlar respostas impulsivas e automáticas através da atenção e do raciocínio.
- Atualização: habilidade para supervisar a conduta e garantir que você está realizando adequadamente o plano de ação estabelecido.
- Planejamento: habilidade para pensar em futuros eventos e antecipar mentalmente a maneira correta de realizar uma tarefa ou alcançar um objetivo específico.
- Memória operacional: habilidade para armazenar e lidar com informações temporariamente para realizar tarefas cognitivas complexas.
- Tomada de decisões: habilidade para selecionar uma opção entre diferentes alternativas de forma eficiente e criteriosa.
- Resolução de problemas: habilidade para chegar a uma conclusão lógica ao considerar o desconhecido.
As Funções Executivas estão inteiramente ligadas a uma série de atividades, tal qual o seu desenvolvimento é indispensável para uma vida regular e sem problemas. Vejam abaixo:
- Atenção – sustentação, foco, fixação, seleção de dados relevantes dos irrelevantes, evitamento de distratores, etc.
- Percepção – intraneurossensorial, interneurossensorial, meta-integrativa, analítica e sintética, etc.
- Memória de trabalho – localização, recuperação, rechamada, manipulação, julgamento e utilização da informação relevante, etc.
- Controle – iniciação, persistência, esforço, inibição, regulação e auto-avaliação de tarefas, etc.
- Ideação – improvisação, raciocínio indutivo e dedutivo, precisão e conclusão de tarefas, etc.
- Planificação e a antecipação – priorização, ordenação, hierarquização e predição de tarefas visando a atingir fins, objetivos e resultados, etc.
- Flexibilização – autocrítica, alteração de condutas, mudança de estratégias, detecção de erros e obstáculos, busca intencional de soluções, etc.
- Metacognição – auto-organização, sistematização, automonitorização, revisão e supervisão, etc.
- Decisão – aplicação de diferentes resoluções de problemas, gestão do tempo evitando atrasos e custos desnecessários, etc.
- Execução – finalização e concomitante verificação, retroação e reaferênciação, etc. (FONSECA, 2014)
A importância de treinar as Funções Executivas é evidente também para treinar as funções cognitivas, tendo em vista que esses conjuntos de habilidades estão interligados.
Plasticidade auto-dirigida
Quanto mais detalhes, riqueza e exemplos podemos trazer a um conceito, mais profundamente enraizados em nosso cérebro esses conceitos se tornam.
O mesmo vale para o aprendizado de habilidades, o remapeamento de traumas, ou o aprendizado de algo novo.
A noção de que a reprogramação adaptativa do cérebro ocorre "em um instante" é atraente, mas infelizmente não é sustentada por nenhuma realidade biológica.
(A única exceção são os eventos ruins; esses apenas precisam de uma exposição para serem cimentados em nossa memória. É a maneira da Mãe Natureza de nos manter seguros.)
Para reprogramar o cérebro de maneira adaptativa e desejada, a fórmula é clara:
Concentre a atenção na aprendizagem, mesmo que exija esforço e confusão, seguidos de períodos de descanso para que a real reprogramação ocorra.
Esses são os ingredientes inegociáveis da plasticidade adaptativa auto-dirigida.
O que é neuroplasticidade auto-dirigida?
Como sabemos que o cérebro permanece plástico e se "reprograma" por toda a nossa vida, a neuroplasticidade auto-dirigida é uma ferramenta que podemos usar para controlar conscientemente como queremos que nosso cérebro funcione. Portanto, por exemplo, se você deseja aumentar sua capacidade de sentir e expressar felicidade, você pode começar um diário de gratidão. Você está 'forçando' seu cérebro a se comportar de uma certa maneira - por exemplo, no caso de manter um diário de gratidão, seu cérebro se adapta rapidamente à experiência e expressa um sentimento de gratidão com mais frequência e mais prontidão. Da mesma forma, sempre que você aprende uma nova habilidade (por exemplo, como tocar um instrumento musical), a estrutura e a função do seu cérebro mudam e se adaptam a qualquer coisa com que você o desafie.
—Andrew Huberman